PCR para os alimentos? Sim, infalível contra a fraude


Secuenciar el ADN de alimentos como la aceituna o la uva mediante las PCR es el método más fiable para que al productor o al consumidor no le den gato por liebre. Marta Prado, investigadora del Instituto Nanotecnología (INL) de Braga, avanza a EFE que acaban de crear un prototipo rápido y eficaz. En la imagen, olivos centenarios del Valle de Quiroga (Lugo, España) que producen aceitunas autóctonas denominadas brava y mansa sobre las que se ha desarrollado la investigación.
Lisboa (EuroEFE). – Sequenciar o ADN de alimentos como as azeitonas ou as uvas por meio do teste PCR é o método mais fiável para que o produtor ou o consumidor não receba gato por lebre. Marta Prado, investigadora espanhola do Instituto de Nanotecnologia (INL) situado na cidade de Braga, no norte de Portugal, conta à Efe que acabam de criar um protótipo rápido e eficiente.
Como se fosse um teste PCR (reação em cadeia da polimerase) para detetar a presença de covid numa pessoa, uma equipe de Investigação do INL liderada por Marta Prado desenvolveu um kit que, através dos cartuchos tradicionais e dos respetivos reagentes, é capaz de verificar instantaneamente se um azeite virgem extra ou um dos melhores vinhos estão elaborados de acordo com a variedade de azeitona ou de uva a que fazem referência.
O azeite é um dos alimentos mais suscetíveis de ser adulterado, argumenta a cientista espanhola, pelo que a chave para combater as fraudes e garantir ao produtor que a variedade é a correta passa por “um sistema de extração de ADN a partir do próprio azeite”.
Trata-se de uma iniciativa para a transferência e valorização das nanotecnologias para PMEs inovadoras luso-espanholas, que conta com um orçamento total de 4.225.750,67 euros, 75% do qual é financiado pelo Fundo FEDER de Desenvolvimento Regional através do Programa de Cooperação Transfronteiriça Interreg Espanha – Portugal (POCTEP).
O projeto de investigação, NANOEATERS é coordenado pela Agência Galega de Investigação e tem como parceiros o INL, as universidades espanholas de Vigo e Santiago de Compostela (noroeste), a Fundação para a promoção da Inovação, Investigação e Desenvolvimento Tecnológico na Indústria Automóvel Galega, o Centro Tecnológico de Telecomunicações da Galiza, a Associação de Investigação Metalúrgica do Noroeste e a Fundação Biomédica Galicia Sur.
BRAVA E MANSA, AZEITONAS GALEGAS
As variedades de azeitona brava e mansa foram oficialmente reconhecidas em outubro de 2017 e incorporadas ao Banco de Germoplasma del Olivo da Universidade de Córdoba (sul de Espanha) e entre as suas características destacam-se as suas condições organoléticas, que as convertem em duas variedades muito apreciadas para elaborar um azeite extra virgem muito singular.
Por isso, o estudo desenvolvido pelo INL com a colaboração da universidade espanhola de Vigo (noroeste) incidiu sobre estas duas variedades.
O objetivo final é criar um dispositivo que os produtores deste tipo de azeite possam utilizar para identificar se realmente a azeitona triturada no lagar é uma destas duas variedades.
Indiretamente, com um maior controlo para evitar a fraude alimentar, serão valorizadas as oliveiras das duas variedades, árvores centenárias que estavam abandonadas desde a época do Conde-Duque de Olivares, no século XVII, explica Marta Prado, e que agora começam a ser recuperadas, dado o seu potencial no mercado agroalimentar.
Tendo passado a ser as únicas variedades de azeitona da Galiza – região que se destacou neste cultivo na época romana – a sua autenticidade deve ser garantida ao consumidor final, pelo que este projeto procura um método que garanta “in situ” e no momento qual o tipo de azeitonas de onde foi extraído um azeite.
DISPOSITIVOS PARA DIFERENTES VARIEDADES
O protótipo desenvolvido com esta iniciativa será aplicado não só a estas duas variedades da região da Galiza (noroeste), mas também a outros tipos de azeitonas.
Inclusivamente, explica Prado, o dispositivo foi desenvolvido para identificar a sequência de ADN de outras espécies vegetais suscetíveis de serem adulteradas ou com alto risco de fraude para o consumidor.
É o caso da castanha, alimento “cujas variedades são muito difíceis de identificar”, ou do vinho, para que o consumidor saiba realmente se é feito com as castas de uva especificadas em cada denominação de origem.
“O importante”, insiste Marta Prado, “é que a identificação seja rápida”.
Por isso estão em fase de transferência tecnológica, logo que tenha sido comprovada em laboratório a funcionalidade dos reagentes.
Antes de junho de 2021, pretendem provar a eficácia do dispositivo nas numerosas empresas produtoras de azeite existentes no norte de Portugal.
Assim, evitar-se-á que o produtor tenha que enviar amostras para um laboratório centralizado, podendo obter o resultado rapidamente na amostra do produto que chegar.
A investigação desenvolvida pelo INL e pela Universidade de Vigo servirá também para garantir a rastreabilidade do produto e, para além disso, vai ajudar na recuperação de centenas de hectares de olivais abandonados no sul da Galiza, na fronteira com Portugal, que começam agora a ter mais valor graças ao potencial das duas variedades identificadas.
PRESERVAR A SEGURANÇA ALIMENTAR
“O azeite foi apontado como o produto alimentar com maior risco de adulteração, dado que é muito valorizado pelo consumidor e relativamente caro, principalmente se for extra virgem e se as suas variedades forem mais reconhecidas internacionalmente”, explica Marta Meadow.
Tendo isto em conta, há azeites que são adulterados “com outras sementes ou com outras variedades”, explica a cientista.
O INL tem-se focado na possível fraude na elaboração do azeite virgem extra com outras variedades de azeitona, uma vez que “é bastante difícil identificar estes marcadores (compostos bioativos e organoléticos) e poder localizá-los na matriz do azeite, que é muito complexa”.
O dispositivo que analisará o azeite será composto por dois módulos: “num deles o ADN é purificado e, depois disso, no segundo módulo faz-se a amplificação do ADN através do agora tão citado método PCR para identificar as sequências de ADN específicas dessas variedades de azeitona”.
DA DEGUSTAÇÃO AO PCR
O PCR, agora tanto na moda por causa da covid, “é uma técnica muito versátil e com muitas aplicações. O procedimento é como se fotocopiasse muitas vezes um fragmento de uma sequência específica que identificámos anteriormente e nos dá muita especificidade quando é preciso identificar um organismo”.
Para além destes testes de ADN, a degustação é uma das opções para distinguir a excelência dos azeites virgem extra, sendo que um cheiro a ranço os desvalorizava, enquanto um aroma a erva fresca os colocava entre os mais apreciados.
A acidez do azeite é outra forma rudimentar de atestar a sua qualidade, já que os mais valorizados estão sempre abaixo dos 0,8 graus.
Os produtores podem agora dispensar estes sistemas de antigamente e contar com um pequeno aparelho que, segundo está previsto na última fase do projeto, será produzido em larga escala para ser adquirido pelas empresas do setor.
Uma vez concluída a fase de laboratório com os protótipos, a próxima fase será a sua fabricação em larga escala para posterior distribuição e venda.
“Temos muito interesse em ver como estas pequenas empresas utilizam esta tecnologia e em verificar possíveis problemas que encontrarem para podermos melhorá-la”, explica Marta Prado.
OLIVAIS COM MAIS DE TRÊS SÉCULOS
As variedades brava e a mansa, só do sul da Galiza, tornaram-se muito exclusivas e muito solicitadas pelos consumidores “gourmet”, pois provêm de olivais cujas árvores mais jovens têm pelo menos 350 anos, explica à EFE José Luis Gómez, que comercializa este azeite através da marca Casa de la Aldea, que opera no Vale de Quiroga e Ribas de Sil, na província de Lugo (noroeste).
As oliveiras destas variedades foram arrancadas no tempo do Conde-Duque de Olivares devido aos elevados encargos fiscais que impôs, e “apenas se conservam as oliveiras que serviam para marcar os limites das pequenas propriedades”. explica Gómez.
«A variedade brava é a que tem um travo mais amargo e a mansa é doce», afirma, lembrando que nesta zona da Galiza ainda existem lagares do século XII, quando a olivicultura era uma atividade muito importante. nesta região.
Esta reportagem faz parte da série “Cross-border Stories of European Cohesion”, #HistoriasTransfronterizas, #Crossborder, um projeto da Agência Efe financiado com o apoio da Comissão Europeia. As informações são da responsabilidade exclusiva de seu autor. A Comissão não é responsável por qualquer uso que dela possa ser feito.
